No dia 21 de outubro de 2020 uma roda de conversa reuniu servidores que possuem filhos em idade escolar, cadastrados previamente no Painel do Grupo de Risco da da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A ação foi requerida pela Divisão de Serviço Social – Atenção ao Servidor (DiSS), da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), e contou com a parceria do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI).
A ação foi conduzida pelas professoras Juliana da Silva Euzébio, coordenadora do Projeto de Extensão “NDI Comunidade”, e Thaisa Neiverth, vice-diretora do NDI. Cerca de 28 servidores participaram da iniciativa por meio de plataforma online de conferência. A ideia principal foi orientar pais e mães no sentido de que o mais importante nesse momento é cuidar de si, do outro e manter o equilíbrio. Além disso, foram apresentadas sugestões de intervenções possíveis para bebês e crianças em idade pré-escolar e assim poder compreender as funções específicas ocupadas pela escola e as possibilidades de desenvolvimento dos filhos em casa.
Na ocasião foram abordadas questões acerca do desenvolvimento infantil em tempos de distanciamento social, a partir das demandas expressadas por um grupo significativo de servidores acompanhados pela DiSS relacionadas a dificuldades na conciliação do trabalho remoto e os cuidados com os filhos. A atividade oportunizou o compartilhamento de experiências neste momento tão desafiador para a comunidade universitária.
“A partir da solicitação recebida pela Divisão de Serviço Social, buscando uma formação para as famílias que as orientassem nesse momento de pandemia de Covid-19, nós nos organizamos para atendê-los da melhor forma, e essa roda de conversa buscou contribuir nesse momento excepcional, apresentando às famílias mediações possíveis de serem realizadas em casa com vistas ao desenvolvimento integral das crianças”, reforçou a professora Juliana.
“Neste período de quarentena todos estamos tentando proporcionar aos nossos filhos condições de desenvolvimento e aprendizagem apropriadas em equilíbrio com as nossas funções sociais”, acrescentou a professora Thaisa que, além de atuar na educação infantil e na gestão do Núcleo, é mãe de duas meninas de 4 e 7 anos. A docente explicou que, na perspectiva do NDI, a criança é compreendida “como um ser social que aprende a partir de sua interação com os outros e com o meio em que está inserida”. Salientou que nesse momento em que a convivência está restrita, devemos fazer escolhas, entre elas:
- saber que o espaço doméstico não poderá cumprir a função social da escola, mesmo que com alguma rotina de cumprimento de tarefas ou atividades;
- ter clareza de que os pais que já ocupavam um papel de destaque na mediação, serão por vezes os únicos interlocutores das crianças;
- estabelecer rotinas equilibradas e prioridades;
- compreender a necessidade de flexibilizar expectativas; e principalmente,
- entender como a criança aprende e quais são suas principais necessidades.
Abaixo, algumas prioridades de acordo com a faixa etária:
Crianças de 0 a 3 anos
- Estimulem atividades do interesse das crianças com livros, filmes, brinquedos…
- Estimular a comunicação da criança com o meio em que está inserida;
- Apresentar o mundo aos bebês;
- Auxiliar a criança a compreender a ação dos objetos tendo a linguagem oral como campo mediador;
- Proporcionar as crianças ambientes estimulantes e seguros;
- Proporcionar condições favoráveis e seguras que oportunizem as crianças se movimentarem livremente.
Crianças de 4 a 6 anos
- Possibilitar o desenvolvimento mais acurado da consciência de si e de seu entorno;
- Proporcionar níveis mais avançados de sociabilidade;
- Propiciar a formação da conduta arbitrada;
- Estimular o desenvolvimento mais acentuado das instâncias morais e éticas de seus comportamentos;
- Estimular a consciência mais acurada dos sentimentos;
- Contribuir para a transição gradativa do pensamento empírico concreto para formas mais abstratas de pensamento;
- Possibilitar o desenvolvimento de formas mais lógicas de raciocínio;
- Promover condições para o desenvolvimento sistêmico da percepção, o pensamento, a linguagem e memória;
- Criar situações para o estabelecimento de relações de causa e efeito;
- Instigar a capacidade para análises, sínteses e generalizações primárias;
- Sistematizar situações que viabilizem a aquisição de habilidades mais complexas, tais como a exemplo da leitura, escrita e a contagem.
E os pais, o que podem fazer?
Saibam que terão de lidar com o medo das crianças, para isso filtrem informações, falem a verdade e conversem com seus filhos
- Primeiro cuidem-se, as crianças sentem e percebem tudo que se passa ao redor delas;
- Expliquem para a criança o que é a Covid-19, considerando a capacidade delas de compreensão;
- Expliquem de maneira lúdica as regras de higiene e etiqueta respiratória;
- Procurem estratégias para relaxarem, pois isso diminui a ansiedade e nos ajudam a ter um dia a dia mais agradável;
- Saibam que terão de lidar com o medo das crianças, para isso filtrem informações, falem a verdade e conversem com seus filhos. Uma boa dica é tentar materializar os medos, por exemplo, desenhar um coronavírus e jogá-lo fora;
- Deem a crianças liberdade para brincarem sozinhas;
- Tentem estabelecer rotinas, diferenciem atividades de dia, da noite, escolares e livres. Contem com a ajuda e considerem o desejo das crianças, quando possível;
- Brinquem com as crianças, as conversas estimulantes e a partilha de momentos significativos ampliam o repertório dos pequenos;
- Envolvam as crianças nas decisões e tarefas que elas possam cumprir;
- Estimulem atividades do interesse das crianças, livros, filmes, brinquedos;
- Estimulem a criatividade e imaginação dos seus filhos;
- Criem estratégias para socialização das crianças, de maneira segura;
- Se precisarem… peçam ajuda!
Mais informações sobre o projeto podem ser acessadas no site https://ndicomunidade.paginas.ufsc.br/.
A partir de: https://noticias.ufsc.br/2020/11/servidores-dividem-experiencias-sobre-trabalho-remoto-e-cuidados-com-as-criancas/